AGRADECIMENTOS
Agradecimentos a todos aqueles que contribuíram com esse tão precioso trabalho que resgatou a história da comunidade do Morrinhos, em especial à Deus , à coordenadora do Programa Escola Ativa em Aracati-CE aos entrevistados, professores , funcionários e ao Colegiado Estudantil e Comitês da E.E.F. José Bezerra Filho - Aracati-CE.
A MINHA LOCALIZAÇÃO
Localizada a leste da zona urbana do Aracati-CE e fazendo divisa com as comunidades, Timbaúba, Tanque Salgado e Assentamento Aroeira Vilany, Morrinhos é um local muito bonito e cheio de contrastes geográficos. Ao chegar à comunidade nos deparamos com um grande descampado, fruto da degradação ambiental e algumas carnaubeiras, planta típica da região, como também um pequeno córrego que recepciona os visitantes e moradores bem próximo a entrada da comunidade.
De um lado podemos observar a vegetação típica do Nordeste, a caatinga, do outro a grande quantidade de dunas, Morros; que compõem a bela paisagem do Morrinhos. E dão origem ao seu nome. Ressalta-se também a brisa que sopra diariamente, que nos dão a impressão de estarmos numa praia. Podemos considerá-lo um verdadeiro Oásis no sertão.
OS MEUS HABITANTES DO PASSADO
Os primeiros habitantes do Morrinhos foram o Sr. José Bezerra, Manuel Moreira, Raimundo Moreira.Ao chegarem ao local se depararam com uma mata ainda virgem.A principio o Sr. José Bezerra construiu sua humilde casa no local bem próximo onde se encontra hoje o cemitério. Depois construiu sua habitação nas proximidades o Sr. Francisco Reinaldo e conseqüentemente os outros.
No inicio basicamente os moradores sobreviviam da agricultura e da produção artesanal da renda.
Não havia posto de saúde na comunidade, quando as pessoas , elas eram transportadas em redes até o Aracati. Entretanto quando as mulheres estavam para dar a luz não precisava deslocar-se até a sede do município.
Segundo dona Francisca ela mesma fazia os partos. Dona Francisca aprendeu desde cedo segundo ela foi um dom que Deus lhe deu, começou seu oficio observando as parteiras que eram chamadas de cachimbeiras pelos moradores.
Dona Francisca já fez o parto de mais de 60 crianças da comunidade e nenhum veio a sofrer óbito. Sem cobrar nada pelos partos, hoje com a visão bastante comprometida e com quase 80 anos, fala com tristeza da falta de reconhecimento de muitos da comunidade.
Na época também não havia estradas, apenas pequenas veredas, que muitas vezes ficavam comprometidas no período chuvoso. No final da década de 40 por volta de 1949, o senhor Manuel Silva Moreira ao perceber a boa qualidade da água, resolveu partir de sua comunidade rumo ao Aracati para vendê-la.
No inicio começou vendendo a água em cargas. A carga já era toda encomendada. Colocava á água em Barris que eram carregados por vários jumentos e ia vender na rua Cel. Alexanzito, a Rua Grande. Com o tempo passou a fazer a venda em outras ruas e outras pessoas da comunidade passaram também a comercializar água. Agora não mais em cargas e sim em carroças, depois carros e até caminhões como nos dias de hoje.
OS MEUS HABITANTES NO PRESENTE
Cerca de 97 famílias aproximadamente com 500 pessoas vivem no local,com a fundação do Assentamento Aroeira Vilany, próximo à comunidade, muitos moradores deixaram o Morrinhos e migraram para o assentamento.
Atualmente a população vive basicamente da comercialização da água retirada de poços da comunidade, se antes a comunidade sobrevivia basicamente da agricultura, hoje o comércio da água é a principal fonte de renda devido a sua excelente qualidade. Segundo alguns estudiosos do assunto, faltam apenas 10% para água ser mineral.
A água é transportada em carroças que carregam em sua parte traseira barris ou em carros adaptados para o transporte.
Hoje existe uma grande preocupação, pois a venda dessa água acontece de forma desorganizada, além do que a água é comercializada até para cidades circunvizinhas e muitas vezes desperdiçadas, sem contar que existe uma preocupação com os viveiros de camarão que estão sendo construído nas proximidades e que segundo algumas pessoas já estão comprometendo a qualidade da água.
AS MINHAS CRENÇAS
A igreja católica que fica ao lado da escola foi construída em 1935 e recebe o nome de capela Coração de Jesus. A principal festa religiosa da comunidade é a festa do padroeiro que é realizada no fim do mês de junho. Nesse período várias comunidades vêm participar dos novenários, das missas do Sagrado coração de Jesus.
A igreja já passou por algumas restaurações, mas a principal, foi a de 2007 e que proporcionou uma boa estrutura para receber os fiéis.
Há também na comunidade um templo da Igreja Assembléia de Deus que foi construída em 2002. Na época poucas pessoas eram convertidas, a maioria dos participantes desta igreja eram pessoas oriundas do Aracati, pois a comunidade era basicamente formada por católicos.
Com o passar do tempo muitas pessoas da comunidade foram convertidas e atualmente mais de trinta pessoas freqüentam o referido templo evangélico.
A MINHA ESCOLA, O MEU SABER
Com o passar do tempo e com o aumento do número de pessoas na comunidade, surgiu à necessidade imediata de uma escola que pudesse suprir a necessidade da comunidade que não tinha condições financeiras de pagar escola na sede.
O jovem José Bezerra Filho depois de 25 anos de luta, no dia 05 de março de 1960 conseguiu autorização junto ao prefeito da época para funcionar em sua própria casa uma sala de aula, inicialmente atendendo a 40 crianças e tendo como professora a senhora Maria Soledade.
Inicialmente recebeu o nome de Escola Imaculada Conceição, Em 1985 passou a ser chamada de E.E.F. José Bezerra Filho em homenagem ao fundador da escola.
Somente em 1985 foi construído o prédio próprio da escola, que funcionou inicialmente com duas salas de aulas, sendo reformada e reinaugurada em 2002 com a construção de novas salas.
Hoje a escola funciona no mesmo local de antes, entretanto possui cinco salas de aula, uma sala onde funciona a secretaria três banheiros e uma cozinha e conta com 218 alunos nas modalidades de ensino: Educação infantil, Ensino Fundamental I e II, funcionando nos turnos, manhã e tarde.
A escola também possui seis professores, um diretor, um coordenador pedagógico e uma secretária, duas merendeiras, duas auxiliares de serviços gerais e um vigia.
Na parte pedagógica participa do programa do Governo Federal para escolas multisseriadas do campo Escola Ativa, PAIC, Programa Agrinho, Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, Olimpíada Brasileira de matemática, Olimpíada de língua portuguesa, Olimpíada brasileira de astronomia, Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, PETECA, dentre outros.
AS MINHAS CRENÇAS
A igreja católica que fica ao lado da escola foi construída em 1935 e recebe o nome de capela Coração de Jesus. A principal festa religiosa da comunidade é a festa do padroeiro que é realizada no fim do mês de junho. Nesse período várias comunidades vêm participar dos novenários, das missas do Sagrado coração de Jesus
A igreja já passou por algumas restaurações, mas a principal, foi a de 2007 e que proporcionou uma boa estrutura para receber os fiéis.
Há também na comunidade um templo da Igreja Assembléia de Deus que foi construída em 2002. Na época poucas pessoas eram convertidas, a maioria dos participantes desta igreja eram pessoas oriundas do Aracati, pois a comunidade era basicamente formada por católicos .
Com o passar do tempo muitas pessoas da comunidade foram convertidas e atualmente mais de trinta pessoas freqüentam a o referido templo evangélico.
AS HISTÓRIAS DO MEU LUGAR
Sabemos que em todo lugar há histórias e estórias para se contar, daquelas que se contam no alpendre da casa, ou antes, de dormir ou mesmo no bar e até na margem do lagamar ou no pé do morro sei lá.
Mas essa história é muito curiosa, do tempo que menino era inocente e carro era coisa ainda desconhecido.
Contam que havia uma velha na comunidade que tinha problemas mentais e morava no meio dos cajueiros, naquela época tinha bastante e se não tivéssemos cuidado, poderíamos até se perder entre eles. A velha era conhecida como a velha doida. A velha faleceu e como na época ainda não tinha cemitério e ela morava sozinha, seu corpo não foi enterrado. O crânio ficava sempre exposto debaixo dos cajueiros, os ossos sumiram mais o crânio não. As pessoas o chamavam de “a cabeça”.
Dizem os mais velhos que com o passar do tempo aquele cajueiro onde ficava o crânio da velha era mal assombrado e a noite a sua alma aparecia para perturbar o povo.
Outra história interessante era dos batatões, palavra, de origem indígena como a lenda, tem o significado de cobra (mboi) de fogo (tata), sendo Mbãetata em sua língua original. Pensaram então, em juntar as duas palavras (mboi e tata) para transformá-las neste mito: Boitatá. No folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas. Aqui no Nordeste nós chamamos de batatão. Dizem que muitos caçadores e agricultores já viram o misterioso fogo na mata e saíram correndo.
CONQUISTAS DE UM POVO QUE LUTA
O povo do morrinhos é um povo guerreiro e lutador,várias conquistas já foram conseguidas principalmente através da Associação de Moradores que recebe o nome de Renascer.
Hoje a comunidade já possui um orelhão público, Posto de saúde com médicos todas as segundas – feiras. Possui também todos os dias, transporte coletivo com destino ao Aracati.
Na área do lazer temos uma quadra de esporte, um campo de futebol, uma equipe da comunidade que sempre se destaca nas competições inter distritais, o clube do Zé Mauro onde acontecem as festas regionais e uma banda local chamada TWIST com jovens da comunidade.
Possui um cemitério regional e bastante organizado sem contar a importância dos poços de água da comunidade que fornecem água para o Assentamento Aroeiras Vilany e regiões circunvizinhas.
Outras conquistas foram importantes como, a reforma das estradas, a construção de novas salas de aula na escola e dez computadores doados a escola.
UM PASSEIO PELO MORRINHOS
Um dia fui conhecer o Morrinhos, antes da entrada dei-me de frente com um descampado, que um dia com certeza já foi um grande carnaubal e hoje vemos as ação degradante do ser humano.Mais adiante, um pequeno córrego que na época da estiagem seca completamente. De longe também avistei algumas carnaubeiras e por trás delas, alguns telhados e muitas dunas.
Ao chegar à comunidade vi logo a quadra de esportes, segui para o lado esquerdo da estrada e dei de cara com o prédio da escola e ao seu lado esquerdo o templo da Igreja Assembléia de Deus e a sua direita, a Capela Coração de Jesus.
Continuei meu trajeto em linha reta mais fui de encontro ao cemitério, por sinal muito bonito e bem conservado, voltei para escola e percebi que de frente a mesma, se encontrava o Posto de Saúde da Comunidade e algumas casas. Fui informado que eu estava no morro de cima e ai dirigiu-me ao morro de baixo, é assim que as pessoas se localizam e se identificam nessa comunidade. O interessante que o morro de baixo na verdade deveria ser o morro de cima, pois lá é que estão às dunas, os morros no meio do sertão. Prossegui minha viagem e a caminho do morro de baixo, observei os carroceiros retirando água dos poços para venderem em Aracati. Passei pelo cajueiro dos bêbados, onde algumas pessoas costumam se reunir para tomar a velha cachaça, passei também pelo campo de futebol, vi o aconchegante Clube do Zé mauro e por fim cheguei a um verdadeiro oásis.
Uma quantidade enorme de dunas se mostrava diante de mim, algumas com mais de vinte metros, dizem que no período chuvoso formavam-se várias lagoas pluviais e as pessoas se deliciavam com o banho e com a pescaria nas mesmas.
Não pude eximir-me de escalar aquelas esculturas de Deus, do alto dava para ver a lendária Serra de Itaiçaba, conhecida como a serra do Ererê, as pequenas casas da comunidade, o campo de futebol e alguns viveiros de camarão, fruto da economia não sustentável na região.
Refleti um pouco e imaginei que ali realimente teria sido mar, a quantidade das dunas e a brisa que soprava meu rosto me impulsionava a chegar a tal raciocínio.
Um Oásis no meio do sertão. Conclui que só mesmo Deus para criar algo tão magnífico!
Voltei cansado da escalada e do sol causticante que queimava o meu corpo, mas voltei feliz, os meus olhos irradiavam, por saber que tive o prazer de conhecer uma maravilha da natureza tão
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